sábado, 24 de março de 2012

O elo mais fraco

Opinião 

 

O elo mais fraco

 

Depois de ter visto as imagens que mostraram as cobardes agressões aos nossos colegas da Lusa e da AFP e de ter lido o comunicado emitido pela PSP, não me restam dúvidas: a culpa, como é óbvio, foi do José Sena Goulão e da Patrícia Melo.

Por: Francisco Paraíso, Director de fotografia



Deveriam ter usado bem visível - de preferência colada na testa ou presa entre os dentes - a carteira profissional. Porque nada na atitude dos nossos colegas, na sua postura, no seu equipamento fotográfico, mostrava que eram profissionais em serviço.


Também é claro que se deveriam ter colocado atrás dos senhores polícias, como aconselham, porque aí é o melhor sítio para captar imagens. Seguindo a respeitosa visão dos entendidos: só se fotografa a cara de quem leva, nunca de quem bate. Parece--me democrático.


Não estamos a falar de uma intervenção da polícia em Atenas. Estamos a falar de meia dúzia de energúmenos que deveriam (e bem) ter sido colocados na ordem, com maior ou menor uso da força. O grave é que o José e a Patrícia foram brutalmente agredidos quando estavam no cumprimento do seu dever de informar, que acarreta o dever de respeito por parte das autoridades policiais ao serviço de um Estado de Direito.


Ali, o José e a Patrícia não eram uma ameaça, eram só o elo mais fraco.


Esta dificuldade da PSP em lidar com os repórteres de imagem não é nova. Por experiência própria, conheço bem a agressividade com que somos tratados, mesmo quando devidamente identificados e posicionados.


Ao longo dos últimos anos, a PSP tem tentado mudar a imagem negativa que a população tem da instituição, mas estes actos deitam por terra todo esse investimento.


A instituição deve assumir que errou e ter o decoro de pedir sinceras desculpas às vítimas.


Aqui vai uma dica. E que tal terem começado o comunicado por: "A PSP lamenta..."?

2 comentários:

Leite Pereira disse...

Se não querem levar de coco andem identificados, por exemplo com coletes e assim já não precisam de se armar em vítimas

Isabel Magalhães disse...

Também 'notei' a falta do colete mas parece que o dito também tem contras.